Marketing - Infantil
Se existe época no ano que eu adoro, essa época é o Natal. Mas existem 2 coisas que odeio no Natal:
1 - As músicas que vêm embutidas nas luzes estridentes do pinheiro de Natal, a possibilidade de poder colocar as luzes de modo mais ou menos frenético. Por um lado as musics causam-me poluição sonora, e uma enorme vontade de enfiar uma faca nos tímpanos de forma a não ter que gramar com aquele som. Por outro lado o cintilar das luzes de forma mais rápida, em primeiro lugar dá-me a sensação do que é ser epiléptico, e uma enorme vontade de sacar os globos oculares da minha face.
2 - A Publicidade Infantil que de facto nesta “altura do campeonato” é completamente exacerbada, e exagerada, fazendo com que a pequenada vire uns autênticos diabos consumistas (eles já o são, nesta altura então… O meu filho está a fazer a carta ao Pai Natal à 2 semanas e cada dia que passa ele coloca uma nova página na sua carta sobre o que quer para o Natal. Neste momento em vez de uma carta, tenho uma “epopeia” dado a quantidade de páginas que aquela “carta / livro” já tem.
O Marketing Infantil é, hoje, uma das maiores ferramentas para vender produtos, influenciar famílias e conquistar a fidelidade de clientes. Este tipo de mensagem direcionada às crianças prejudica a auto-estima e desvirtualiza os valores dos pequenos, faz com que a pequenada não dê valor aos presentes que recebem, pois o que eles querem é abrir presentes e depois “colocam de lado”. Aquele apetite voraz de ter muitos presentes, de abrir e rasgar os embrulhos sem sequer se preocupar o que contém dentro destes.
Quando eu era criança já notasse esta têndencia de ser bombardeado com publicidade dirigida a mim, mas nesse tempo não passava tanto tempo dentro de casa, por conseguinte não passava muito tempo em frente a uma TV. No meu tempo só existiam 2 canais de TV depois passou a existir 4… No meu tempo não haviam computadores nem internet…
No tempo actual os nossos diabretes consumistas passam muito mais tempo em casa, têm acesso a uma tv com uma panóplia de canais à sua disposição, bem como tablets e computadores ligados a uma internet… Eu olho para os pequenos e já nem os imagino e os vejo como crianças, mas como pequenos geeks… A Sociedade já os obriga a crescer demasiadamente rápido, o Marketing Infantil encurta ainda mais a sua infância.
Mas com tudo aqui exposto podem dizer, Ok, mas a culpa é dos pais. Os pais é quem tem que educar os filhos e os proteger deste tipo de situações. Sim por uma lado concordo que temos que educar a nossa pequenada, mas o que acontece de facto é que não para lhes proteger de tudo, quando em 10 horas de emissão de um canal da Disney por exemplo temos mais de 10 mil inserções de publicidade infantil. Também não conseguimos controlar o que eles vêm nas escolas, com os amigos, etc…
Muitas vezes, os próprios familiares não possuem consciência dos prejuízos causados pelo consumo de determinados produtos, deixar ao livre arbítrio destes a escolha dos bens consumidos por crianças e adolescentes pode acabar por impedir a criação e o desenvolvimento de uma visão crítica, bem como a conscientização dos menores de idade acerca dos benefícios e malefícios causados pela publicidade infantil.
Então qual o caminho, proibir? Impossível isto acontecer. Não acredito que se consiga proibir este tipo de bombardeamento infantil. Vamos proibir a pequenada de ver TV, qual o resultado? Em casa não são bombardeados, saem de casa e têm outdoors, revistas, jornais, escola, ATL, etc…
A consciencialização é o caminho, as para ambas as partes, por parte dos pais e por parte das empresas pois deveriam existir limites para todos. Isto é sempre uma “faca de dois gumes”: por um lado os entendidos no assunto afirmam que as empresas abusam da falta de autonomia da criança para vender os seus produtos e gerar lucros à empresa; por outro lado, as empresas defendem que banir é tirar dos pais a responsabilidade e o direito de educar os filhos e o direito da pequena à informação…
Como tudo na vida tem que existir limites e aqui neste momento não o há, como o por exemplo em países como na Suécia, os anúncios dirigidos a menores de 12 anos podem ser exibidos somente após as 21 horas. Na Holanda, eles são totalmente proibidos na TV pública, em qualquer horário. Na Alemanha, a programação direcionada às crianças não pode ser interrompida por mensagens publicitárias, quadro observado também na Dinamarca, que decidiu proibi-las durante os cinco minutos anteriores e posteriores às atrações.
Mas infelizmente até quando isto ser generalizado para todos, até quando deixar de responsabilizar somente os pais e responsabilizar todos que entram neste processo de Marketing Infantil?
“Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapasse nossa interação humana, e o mundo terá uma geração de idiotas.” Será que já não vivemos esta realidade?
NS